Esquistossomose

Sinonímia: xistose, barriga d’água, doença dos caramujos, bilharziose.

Agente etiológico: Schistosoma mansoni.

Mecanismo de transmissão: penetração pela pele das cercárias do S. mansoni liberadas pelos moluscos Planorbídeos em coleções de água doce.

Características gerais da doença: na fase aguda apresenta alterações cutâneas do tipo alérgico denominadas dermatite cercariana que se caracterizam por exantema e prurido. A fase crônica inicia-se pela formação dos granulomas periovulares nos espaço-porta do fígado consequente a um processo inflamatório que ocorre ao redor dos ovos do helminto presentes no fígado do indivíduo infectado. A evolução dos granulomas leva à fibrose periportal que dependendo da carga parasitária pode resultar em hipertensão portal e comprometimento da circulação em nível da veia porta, com implicações na parede do esôfago (formação das varizes esofágicas) e baço (esplenomegalia). O aumento das hemorragias digestivas devido ao rompimento das varizes do esôfago agravam o quadro geral aparecendo edemas e ascite. Podem ocorrer também lesões cardiopulmonares (“cor pulmonale”).

Distribuição geográfica: atualmente os estados com maior prevalência e incidência de esquistossomose são Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe. De acordo com o Manual de Vigilância da Esquistossomose do Ministério da Saúde (MS) entre 2010 e 2012 ocorreram 941 internações por 100 mil habitantes e 1.464 óbitos por esquistossomose no mesmo período.

Descrição geral: a esquistossomose é uma infecção causada pelo Platelminto Schistosoma mansoni. O S. mansoni tem como hospedeiro intermediário o caramujo Planorbídeo e como hospedeiro definitivo o homem. Os ovos liberados com as fezes do homem infectado em contato com a água doce eclodem, liberando os miracídios. Quando o miracídio encontra o caramujo penetra na sua pele transformando-se em esporocisto primário que são formados por inúmeras células germinativas indiferenciadas. Após algum tempo, aglomerados dessas células germinativas diferenciam-se em novos esporocistos denominados esporocistos secundários. Esses, por meio do sistema circulatório aberto do caramujo, migram para órgãos situados nas porções enroladas do caramujo, diferenciando-se em cercárias. Depois de formadas, as cercárias migram pelo sistema circulatório aberto do caramujo, sendo liberadas na água. As cercárias constituem a forma infectante do parasita para o homem, penetrando pela pele. Durante a penetração, as cercárias perdem a cauda transformando-se em esquistossômulos que pela circulação alcançam os pulmões, caem na circulação geral e chegam ao fígado onde após cerca de um mês e meio se transformam em machos e fêmeas adultos. Logo após ocorre a cópula e os vermes acasalados migram contra a corrente circulatória e se instalam em vênulas e capilares do intestino grosso. Após a oviposição, os ovos atravessam a mucosa intestinal e caem no lúmen, sendo eliminados com as fezes do indivíduo infectado, reiniciando o ciclo.

Os sintomas da infecção pelo Schistosoma mansoni podem ocorrer imediatamente após a invasão da pele pelo parasita, induzindo uma reação inflamatória caracterizada por pápulas com intenso prurido denominada dermatite cercariana. A fase crônica inicia-se pela reação desencadeada pelos ovos do parasita que voltam ao sistema porta intra-hepático e desencadeiam um processo inflamatório denominado granuloma periovular. A infiltração e ativação de fibroblastos nos granulomas periovulares leva ao desenvolvimento de fibrose periportal nos espaços porta do fígado que na dependência da carga parasitária pode levar à hipertensão portal. Como consequência da hipertensão portal vai haver comprometimento do sistema circulatório em nível da veia porta, comprometendo principalmente o baço e a porção inferior do esôfago que leva à esplenomegalia e formação de varizes esofagianas. O rompimento dessas varizes é a principal causa de morte do esquistossomótico.

Por meio de anastomoses, do fígado os ovos podem também alcançar os pulmões levando à formação de granulomas periovulares no parênquima pulmonar. Neste caso, poderá haver comprometimento da pequena circulação pulmão- coração levando à insuficiência cardíaca congestiva conhecida como “cor pulmonale”.

Ciclo de vida Schistosoma mansoni

Ciclo de vida Schistosoma mansoni

Fotos de lâminas

Schistosoma mansoni (ovo)

Schistosoma mansoni (ovo)

Ovo de Schistosoma mansoni

Schistosoma mansoni (ovo)

Schistosoma mansoni (cercária)

Schistosoma mansoni (cercária)

Schistosoma mansoni (miracídio)

Schistosoma mansoni (miracídio)

Schistosoma mansoni (casal adulto)

Schistosoma mansoni (casal adulto)

Schistosoma mansoni (granuloma hepático)

Schistosoma mansoni (granuloma hepático)