Leishmanioses

Leishmaniose cutânea

Sinonímia: leishmaniose tegumentar americana (LTA); leishmaniose mucocutânea; pian bois das florestas, espúndia, ferida brava, úlcera de Bauru.

Agentes etiológicos: Leishmania (Leishmania) amazonensis, Leishmania (Viannia) guyanensis, Leishmania (Viannia) braziliensis.

Mecanismo de transmissão: inoculação das formas promastigotas de Leishmania durante o repasto sanguíneo das fêmeas de insetos dípteros denominados genericamente flebótomos (nas Américas várias espécies do gênero Lutzomyia).

Características gerais da doença: formação de lesões cutâneas que dependendo da espécie de Leishmania evoluem para nódulos ou úlceras abertas nos locais da picada do flebótomo infectado. No caso da doença causada pela L. (V.) braziliensis há invasão de mucosas principalmente do nariz e da boca, podendo levar a deformações e até destruição do nariz se não tratada a tempo.

Distribuição geográfica: região Amazônica, principalmente L. (V.) guyanensis e L. (L.) amazonensis. L. (V.) braziliensis tem mais ampla distribuição, sendo encontrada na Região Amazônica, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e tendo sido registrados alguns casos também no Sul do país.

Leishmaniose visceral

Sinonímia: calazar, febre Dum-Dum.

Agente etiológico: Leishmania (Leishmania) infantum chagasi.

Mecanismo de transmissão: inoculação das formas promastigotas de Leishmania durante o repasto sanguíneo das fêmeas de insetos dípteros denominados genericamente flebótomos (no Brasil a principal espécie vetora é Lutzomyia longipalpis e mais recentemente Lutzomyia cruzi foi também descrita como vetora da doença).

Características gerais da doença: febre alta, esplenomegalia, anemia que com a progressão da doença pode levar a hemorragias, depauperamento progressivo e em sua fase terminal caquexia.

Distribuição geográfica: a leishmaniose visceral tinha inicialmente distribuição predominantemente rural, mas os dados epidemiológicos dos últimos 10-15 anos mostram a periurbanização e urbanização da doença, destacando-se os surtos ocorridos no RJ, Belo Horizonte (MG), Araçatuba (São Paulo), Santarém (PA), Corumbá (MS), Teresina (PI), Natal (RN) São Luís (Maranhão), Fortaleza (CE), Camaçari (BA) e mais recentemente as epidemias ocorridas nos municípios de Três Lagoas (MS), Campo Grande (MS) e Palmas (TO).

Descrição geral: as leishmanioses são um grupo de doenças causadas por parasitas protozoários do gênero Leishmania. Existem diferentes formas clínicas da doença, leishmaniose tegumentar, mucocutânea e visceral. Por outro lado, a leishmaniose tegumentar pode manifestar-se como lesões disseminadas ou em pequeno número. Os parasitas do gênero Leishmania são digenéticos, alternado seu ciclo evolutivo entre um invertebrado, representados por insetos dípteros denominados genericamente flebótomos, e um hospedeiro vertebrado representados por mamíferos roedores, edentados, marsupiais e canídeos silvestres e domésticos. Leishmania apresenta duas formas do seu ciclo evolutivo, promastigotas e amastigotas. Os promastigotas são formas flageladas encontradas no sistema digestivo do inseto vetor onde se multiplicam por divisão binária, enquanto que os amastigotas são formas que não possuem flagelo livre, imóveis, parasitas intracelulares principalmente de macrófagos. Durante o repasto sanguíneo as fêmeas dos flebótomos regurgitam os promastigotas que no organismo do hospedeiro mamífero são rapidamente fagocitados por macrófagos, transformando-se em amastigotas. Após sucessivas divisões binárias dos amastigotas, os macrófagos se rompem liberando os parasitas que são rapidamente fagocitados por novos macrófagos, levando à progressão da doença no hospedeiro infectado. Quando a fêmea do flebótomo picar o mamífero infectado, juntamente com o sangue ingere macrófagos contendo os amastigotas. No sistema digestivo do vetor essas células são rompidas liberando os amastigotas que se diferenciarão em promastigotas que constituem a forma infectante do parasita para os hospedeiros mamíferos.

Ciclo de vida Leishmania spp

Ciclo de vida Leishmania spp.

Fotos de lâminas

Leishmania sp. (promastigota)

Leishmania sp. (promastigota)

Leishmania (L.) amazonensis (amastigotas em macrófago)

Leishmania (L.) amazonensis (amastigotas em macrófago)

Lutzomyia longipalpis macho

Lutzomyia longipalpis (macho)